TV vs Internet

TV vs Internet

Um simples embate entre tecnologias

    É bastante comum ouvirmos longas discussões a respeito de um suposto conflito existente entre a televisão e a internet, mas a questão já é posta de uma forma equivocada quando, em vez de se compreender a essência de cada veículo, se busca insistir em uma inevitável anulação de um pelo outro. Nem branco, nem preto: a abordam correta para este caso é cinza. Sabendo que a primeira pergunta sempre induz qual será a última resposta, ofereçamos, antes de mais nada, um novo ponto de partida para esse assunto: o que, afinal, difere a internet da televisão?

    Alguns poderão se espantar com a simplicidade dessa dúvida, mas ela é muito mais reveladora do que parece. De pronto, as pessoas tenderiam a responder que os conteúdos são diferentes, bem como as suas estruturas de consumo. Isto é, as formas pelas quais o público interage com a televisão e a internet são distintas e, portanto, incompatíveis. Só que essa não seria, propriamente, uma diferença entre esses dois meios de comunicação, mas a mera constatação de um aspecto cultural presente na perspectiva do público. Apesar de esse fato ser importantíssimo, ele não estabelece uma barreira estável, porque, assim como tudo o que é de natureza cultural, está permanentemente aberto para ser moldado por novas influências. Para se ter um exemplo claro disso, basta lembrarmos do tempo em que a internet e os celulares eram vistos como duas coisas completamente diferentes.

    Tendo concluído que a perspectiva do público perante a televisão e a internet é um ponto secundário, voltemos à questão inicial para explicar, finalmente, que aquilo que distingue um meio do outro é tão simplesmente a tecnologia. Sim, somente isso. Na televisão, tudo funciona a partir de uma antena de transmissão, enquanto a internet é composta por uma rede de computadores interconectados que transferem dados entre si. Isso, evidentemente, implica que, no primeiro caso, o da televisão, um fale para muitos, enquanto no segundo caso, o da internet, muitos falem para muitos. Em outras palavras, a televisão possui um modelo tecnológico rígido, que permite o envio genérico de uma mensagem para um grande público, enquanto a internet, sendo uma tecnologia mais avançada, torna possível uma comunicação individual entre os milhões de usuários que compõem a sua rede.

    Essa distância está sendo reduzida, pois a internet, enquanto um meio mais eficiente para a transmissão e o consumo de conteúdo, transformou também a maneira como o mercado passou a ver a compra de mídia. Companhias estão investindo bilhões no desenvolvimento de algoritmos de inteligência artificial que irão servir como a base estrutural das campanhas que forem feitas ao longo das próximas décadas. Nesse cenário, apenas os canais tecnológicos com a identidade digital, isto é, que possam operar sobre uma tecnologia capaz de suportar a especificidade e granularidade exigida por essas campanhas estará apta a permanecer no mercado.

    O dinheiro vai mudar de rumo, indicando, desde já, para que muitas empresas televisas passem a oferecer a transmissão de seus programas pela internet. E não estamos falando de simplesmente lançar um canal auxiliar, mas, sim, de um movimento que é cada dia mais forte nos Estados Unidos: o da televisão programática. Tudo leva a crer que, em poucos anos, os sinais digitais serão substituídos pelos de internet e os canais que assistimos se somarão a todo o restante do conteúdo virtual. Em pouco tempo, todos os aparelhos televisivos estarão plenamente aptos para serem conectados à rede mundial de computadores e os canais passarão a transmitir a sua programação apenas desse modo. Os comerciais serão como aqueles que vemos no Youtube e cada casa poderá ver um anúncio diferente da outra. Não existirá mais nenhuma fronteira entre a televisão e internet, mas, apenas, entre o conteúdo online e off-line.

Publicado em 12/02/2017 por Equipe R4YOU

Postar comentário

VOLTAR